domingo, 2 de outubro de 2016

Luz Perdida

Eles dizem que eu sou um anjo.
Um anjo caído no inferno.
No inferno que a minha vida se tornou.

As minhas asas ficaram negras, os meus olhos afogaram-se, os meus pulsos desfizeram-se, os comprimidos tornaram-se saliva.
O gizato que cortava papel hoje corta pulsos;
Os comprimidos que eram para dores exteriores hoje são para dores interiores.

Traz-me a esperança, salva-me.
Não gosto de mim.
Ninguém gosta, o diabo vai aqui.

A onda negra vai passando a rua, olhada de lado enquanto mais uma faca se vai enterrando no meu coração.

Salva-me do nada que eu me tornei.
Salva-me.
Tira-me as asas negras.
Desinfeta os meus pulsos com o teu toque.

Eu preciso de alguém;
Preciso de ti.
Preciso de salvação.
Preciso de luz.

Ilumina-me com os teus olhos, salva-me com os teus abraços.
E por favor não me deixes ir morar com mais meio milhão de pessoas que perderam a luz.



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