quarta-feira, 16 de outubro de 2019

A dor de cada “eu” humano


Quero reencontrar-me;
Quero sair;
Quero sair de mim;
Quero sair desta confusão;
Onde a minha cabeça está.

Não quero mais isto;
Não quero aguentar mais;
Esta profunda dor que se instala,
Instala-se e percorre todo o meu corpo.

Preciso de sair;
Preciso de me libertar;
Não consigo; não consigo…
Não consigo ser mais;
Não consigo mais;
Não consigo mais não ter paz;
Não consigo mais ser aquilo que não sou.

“Aguenta, aguenta…
Cabeça erguida, cabeça levantada…
Não afeta, não importa…”
Mas afeta, importa,
Não quero, não consigo,
Pois assim não conseguiria ser eu.

segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Luto da doença

Tudo o que queria era acordar e saber que o pesadelo tinha acabado, que nunca mais te teria dentro de mim.
Eu acordei, mas tenho na mesma momentos em que adormeço e o pesadelo permanece sempre dentro de mim.

Consegui acordar, mas nesse momento já tinha cortes nos pulsos e na alma, já estava ferida e já tinha ferido todos os que me rodeavam. Mas desde que consegui acordar sinto-me a encarar-te, monstro instalado dentro de mim, apesar de não haver forma de fazer com que deixes de afetar-me. Não posso fazer com que deixes de me afetar em todos os sentidos, mas posso continuar a tentar confrontar este pesadelo, mesmo sem saber se algum dia ganharei esta batalha, mas só desistirei quando tudo o que estiver ao meu alcance eu já tiver feito.
Ficar parada à espera que o tempo passasse não ajudou. E não bastou só acordar, foi necessário levantar-me também, e mesmo que  tu, monstro, continues dentro de mim, sei que continuar adormecida não posso ou acabarás a consumir-me em todos os fatores.
Mas apesar de tudo, não prometo ganhar esta batalha, e muito menos prometo não adormecer, mas se pudesse tirar-te de dentro de mim sem qualquer dificuldade, tu aqui já não estavas mais.

Escadas Partidas

Tenho o pulso cheio de cortes e o coração cheio de falhas.
Mostro-me por inteiro quando estou feita em pedaços.
Não sei que guerra ando a travar dentro de mim, apenas sei que quero gritar, mas não quero falar.

Sinto-me a sobrevoar este mundo ou como se estivesse enterrada nele. Sinto-me como se não estivesse aqui.
Algo em mim não está certo, e eu não consigo decifrar esta confusão que vai dentro de mim.
Deixem-me gritar. Deixem-me explodir.
Sinto-me no fundo. Sinto-me no fundo, e por mais que eu grite, ninguém me consegue ouvir.
Tudo aquilo que sonhava são agora pesadelos, e mesmo quando chega a hora de os ter, já estou eu enterrada neste infindável buraco.
Este buraco está coberto pela escuridão que me tenho vindo a tornar, fazendo com que ninguém se consiga aproximar devido à frieza que o (me) rodeia.
Eu estou aqui no fundo, mas não quero falar, e também quando grito ninguém me consegue ouvir, pois sou abafada e confrontada pelas lágrimas.
Estou no fundo, e aqui encontrei o meu lugar.
Não estive muito tempo fora deste buraco, mas foi assim que percebi que é aqui que pertenço.
Não tenho outro destino, muito menos uma saída. Já encontrei escadas para daqui sair, mas partiram-se quando me agarrei demasiado... Não aguentaram todo o peso desta solidão que dentro de mim habita.

Amor Inexplicável

Eu estou aqui a ver-te ser feliz, que bom que é ver-te sorrir, e o quanto esse sorriso me ilumina o dia. Está distante, mas tal e qual como o sol, o teu sorriso aquece-me o coração.
Não sou de grandes afetos, e muito menos demonstro o que sinto, mas acredita, não te ter nos meus braços destrói-me a alma por completo.
Quando partiste o meu coração congelou, não quis encarar a realidade, e quando tive de o fazer, este coração, outrora congelado, ficou de tal maneira apertado que logo de seguida se partiu.
Sei que de mim nada tiveste, mas contigo muito de mim levaste, e acredites ou não, foi sempre por ti por quem eu mais ansiava.
Gostava de um dia poder ouvir de ti pelo menos um terço do que eu por ti senti numa noite só, mas não me queiras enganar com palavras tal como eu te confundi quando por esse sorriso eu me apaixonei. E, desculpa por isso, desculpa por te ter levado a pensamentos que nem pela minha cabeça passaram, desculpa por ter-te enfeitiçado a cabeça com promessas para as quais eu não tinha coragem. Desculpa também por isso, mas eu não consegui ser o teu ideal de entretenimento.
De ti aqui eu me despeço, e posso ter evitado mais contacto, mas nada mais me custaria do que aquilo que já estou a sentir, mas um adeus aqui fica para quando te lembrares que eu de ti não me esquecerei.

Amor vs Distância

Já procurei outras bocas e em nenhuma delas eu encontrei o meu sabor predileto, já procurei outras mãos e em nenhuma delas consegui substituir o teu toque.
Não encontrei nenhum outro sorriso que me faça paralisar da mesma forma que o teu faz, e não existe outro olhar intenso assim como o teu que me faça perder a noção da mesma forma que o teu faz. Procurei mas sem vontade de encontrar.
Eu quero-te, desejo-te, mas nego-to cada vez que me provocas.
Amo-te e finjo que não, escondo-te tudo porque enquanto tu me fazes sorrir, saber que vais partir me faz chorar.
O teu regresso a muitos contentará, incluindo a ti próprio, mas o que para muitos é um regresso, para mim é uma despedida. Despedida de poucos mas intensos momentos, despedida daquele que realizou comigo o que outros ainda hoje desejam, despedida do toque escondido. Fazes-me sorrir... mas a tua ida o mesmo não faz.
Partilhamos histórias, objetivos e até sonhos, rimos do passado e falamos do futuro, e mais não partilhamos porque assim eu não quis. Foi um sonho... Que tem um fim.
Um dia o sonho acaba. Um dia tu voltas ao teu mundo e eu no meu fico.
Somos todos feitos de momentos mas há deles que destroem-nos os futuros momentos por vontade de voltar ao passado. Solucionei o problema ao fazer por não os viver, e foi assim que contigo fiz.
Sofrer por arrependimento ou por ficar na dúvida do que podia ter acontecido é difícil, mas não mais do que ter-te por instantes e do nada desapareceres.
Somos feitos de momentos que fazem-nos a vida mas que não duram nem um terço dela, podendo destruir o que desta resta.